Alfabetização de crianças autistas: 7 respostas para compreender os desafios

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Descubra por que é crucial quebrar preconceitos sobre o Transtorno do Espectro Autista e conheça seus desafios e características únicas na alfabetização.

Antes de tudo, aqui na Dentro da História, seguimos em uma busca constante para compreender as necessidades das crianças autistas. Com o apoio de especialistas, passamos a compreender como é possível contribuir com o desenvolvimento das crianças com TEA (Transtorno do Espectro Autista), e como apoiar suas fases de alfabetização de forma lúdica e divertida.

Continue lendo para saber como o autismo pode afetar o desenvolvimento infantil e confira na íntegra a entrevista da Cláudia Onofre, nossa psicopedagoga que é mãe da Laís e mãe atípica da Letícia.

Diagnóstico X desenvolvimento infantil em crianças com autismo

Depois que fizemos esta breve introdução, agora chegou a hora de acompanhar as respostas da Claudia sobre o assunto. Segundo ela, é preciso considerar as diversas manifestações comportamentais da criança atípica. Porém, para que haja o diagnóstico, é necessário que o quadro apresente déficits na comunicação e na interação social, repertório restrito de interesses e padrões de comportamentos repetitivos.

A seguir, ela lista comportamentos característicos do TEA que podem impactar diretamente o desenvolvimento infantil:

  • não manter contato visual
  • não atender quando chamado pelo nome
  • isolar-se ou não se interessar por outras crianças
  • Se prender a rotinas e entrar em crise quando algo sai do esperado
  • Não brincar com brinquedos de forma convencional
  • Não falar ou fazer gestos para facilitar a interação e descobertas
  • Hipersensibilidade ou hiper-reatividade sensorial que podem ser auditivas, visuais, contato/tato

Criança com autismo: aspectos do comportamento e aprendizagem

De acordo com a organização internacional American Psychiatric Association o primeiro passo ainda deve ser o diagnóstico adequado e orientação com o pediatra e um neuropsicólogo para que haja a correta avaliação dos marcos do desenvolvimento.

Além disso, ao longo da conversa com a psicopedagoga Cláudia, compreendemos a diferença entre interação e aprendizagem das crianças autistas. Tudo está diretamente relacionado aos estímulos oferecidos desde o começo da alfabetização e ao longo do seu desenvolvimento.

Nessa etapa, a leitura é um aliado poderoso para a família e para a comunidade em que a criança com TEA está inserida, pois colabora ativamente com um aprendizado lúdico, apresentando a ela o mundo que a cerca.

Consequentemente, os livros podem ser um excelente presente para a criança autista já que alguns materiais e histórias podem beneficiar positivamente as habilidades de linguagem e comunicação, colaborando com a socialização através da contação de histórias.

Cláudia complementa que livros personalizados podem ser uma excelente ferramenta que complementa a experiência da leitura para crianças no espectro autista, por ela poder se ver e se identificar com a história, aprimorando seu vínculo com este hábito.

“O importante é o mediador aproveitar o envolvimento de cada criança e levar a uma interação que resulte em um aprendizado.”


Conheça também: a experiência de paternidade de uma criança autista com a entrevista do jornalista Francisco Paiva Júnior.

1.Baseada na sua experiência como psicopedagoga, você tem alguma dica ou insight para as mães que fizeram a descoberta recente de que seu filho está no espectro autista?

A seguir, Cláudia traz uma perspectiva realista nesta resposta, mostrando que essa é uma notícia que nenhuma família está preparada.

Ela também reforça que é preciso se permitir viver intensamente os sentimentos, medos, dúvidas e questionamentos gerados pelo diagnóstico:

“É o renascimento de uma criança e de uma família…. se permita ao luto para que possa renascer com força e potência para abraçar todos os desafios dessa nova trajetória. Passado essa etapa da aceitação,  você se sentirá mais centrado para essa nova…”

Suas recomendações que podem ajudar pais de crianças autistas a se prepararem para percorrer este caminho são: 

  • Não esconder seu filho do mundo
  • Criar e aceitar uma rede de apoio
  • Buscar ajuda profissional especializada
  • Estar aberto a encontrar caminhos que atendam as necessidades do momento
  • Introduzir e respeitar a rotina é fundamental para o seu filho e para você
  • Acreditar no potencial do seu filho
  • Não fazer comparações

“Vocês não estão sozinhos nessa jornada! Muitos desafios estão por vir que irão exigir resiliência e determinação.  

Agora é o momento de se entregar e acreditar que vocês foram contemplados com o amor mais genuíno que pode existir.”

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2.Existe algum tema ou estilo de livros que crianças autistas se conectem mais?

Sob o mesmo ponto de vista, Cláudia nos conta que o interesse das crianças autistas por livros infantis podem estar associados aos mais variados temas, além de ter sempre a possibilidade de mudarem ao longo do tempo e do crescimento da criança.

“…a criança fica fascinada por dinossauros durante meses, de repente ela se interessa por carros.”

Em relação ao tipo de livro, vale sempre ficar atento ao que irá colaborar para o desenvolvimento cognitivo dessa criança. No começo, os pequenos podem explorar livros interativos feitos de pano ou feltro. Conforme vão crescendo, temos os livros de colorir. E no caso de autistas alfabetizados, pode-se introduzir livros com atividades. Em todos os casos, os formatos podem variar entre retrato ou quadrado, sem influenciar na experiência no geral.

“Penso que um ponto importante são as ilustrações, precisam ser coloridas e significativas, com desenhos que fazem sentido para a criança, colaborando diretamente com a compreensão e aprendizagem.”

3.Existem desafios comuns na alfabetização e socialização de crianças que estão no espectro?

Para Cláudia, podemos partir do princípio que o processo de alfabetização em geral é desafiador: um novo mundo, uma nova descoberta onde as crianças aprendem de forma diferente, porém existe um parâmetro de faixa etária em que é garantida a alfabetização.

“Quando falamos de crianças autistas temos grandes desafios na alfabetização, considerando a dificuldade em desenvolver a imaginação, compreensão, interpretação e dificuldade na comunicação denotativa. Isso reverbera diretamente na socialização.”

Conheça também a parceria da Dentro da História com a Revista Autismo

4.Livros personalizados como os da Dentro da História podem ser uma ferramenta útil para que pais ajudem seus filhos autistas a desenvolverem habilidades sociais?

“O livro personalizado é potente pelo sentimento de pertencimento: imagine que a criança passa a ser a personagem principal da história, com isso seu processo de identificação é genuíno,  portanto, a criança entende que pertence a aquele mundo e com isso possibilita explorar várias formas de comunicação, por criar uma abertura de aprendizagem.

Com isso, o livro personalizado funciona como uma ferramenta, exploramos a história com gestos, expressões faciais, língua de sinais, símbolos, imagens ou outros recursos que fazem sentido para a criança.”

5.Livros personalizados podem promover o desenvolvimento emocional em crianças com TEA?

“Acredito no impacto do livro personalizado para todas as crianças! Para as crianças com TEA esse impacto é mais significativo, por inseri-lo dentro de um mundo onde ele de forma lúdica pode expressar seus sentimentos como personagem daquela história. É fundamental que o mediador da leitura faça com que a criança entenda esse processo e use o livro como instrumento de comunicação e descobertas do seu próprio eu.”

6.Qual a importância de incluir a criança na criação ou escolha de um livro personalizado?

“Para a criança o aprendizado significativo é quando ela tem a oportunidade de experimentar, de vivenciar. Quando se inclui a criança na escolha do tema do livro e na criação do mesmo eu estou proporcionando um aprendizado significativo. 

Saiba mais: dicas de Camila Comitre para incentivar a leitura e autonomia das crianças com autismo.

Ao receber o livro impresso é importante retomar o início da criação ou escolha do tema, assim quando a criança receber o livro físico poderá fazer conexão com todo o processo, se a criança não tiver como fazer essa conexão cabe ao mediador fazer retomando todas as etapas.”

7.Para pais que estão começando a explorar o uso de livros personalizados, que dicas você daria para torná-los uma parte eficaz da rotina de desenvolvimento da criança?

Para finalizar, ”o primeiro passo é trabalhar com temas que a criança gosta e automaticamente vai despertar o interesse. Depois pensar em novos temas que as famílias acreditam que podem colaborar no aumento do repertório da criança.

Criar rotinas de leitura é um momento de conexão e exploração de novas possibilidades, através do livro podemos descobrir caminhos que irão colaborar com o processo cognitivo da criança. 

Explore o livro como ferramenta de indicativos seja para estabelecer rotinas ou descobrir os sentimentos. Os livros personalizados podem ser o fio condutor dessa conexão com a criança, para que ela aproveite a oportunidade de aproximação e descobertas.”


Gostou dessa matéria? Agora você já pode viver essa experiência de conexão com a leitura com os personagens favoritos do seu filho, escolhendo diversas histórias e personalizando com as características do seu filho no site da Dentro da História.

Vitória Fávaro:
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