Contos de fadas e a criatividade: entrevista com a autora Flávia Muniz

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Escritora com mais de 80 livros infantis publicados, Flávia Muniz conta nessa entrevista sobre como os contos de fadas podem incentivar a criatividade. Confira!

Os contos de fadas são as primeiras histórias que as crianças costumam ouvir. Por meio deles, os pequenos sonham de olhos abertos e viajam para universos mágicos repletos de possibilidades. Será que os contos de fadas podem ajudar as crianças no processo de aprendizado? Afinal, como essas histórias podem despertar e incentivar a criatividade?

A capacidade de criar ou reinventar as coisas é uma habilidade cada vez mais requisitada pela sociedade em que vivemos. Além disso, muitas pessoas acreditam que essa habilidade é para poucos, mas na verdade, ela pode ser desenvolvida. Sabendo disso, como estimular a criatividade das crianças? Qual o papel dos livros e da literatura infantil nessa jornada?

A escritora e pedagoga formada pela PUC São Paulo, Flávia Muniz compartilha as respostas dessas e outras perguntas, enquanto lança em parceria com a Dentro da História os livros personalizados “Uma História Dorminhoca” e “Em Busca do Unicórnio Perdido”. Nos livros, ela leva as crianças para o mundo invertido onde vivem os personagens dos contos de fadas e estimula a imaginação dos pequenos, mostrando aventuras incríveis por um parque de diversões.

A seguir, a autora fala sobre sua trajetória e visão sobre como os contos de fada podem incentivar a criatividade e a imaginação das crianças:

Dentro da História:Você se formou em Pedagogia e trabalhou em escolas por vários anos. Como decidiu se dedicar à literatura infantil?

Flávia Muniz: Foi por conta das aulas de Leitura e Redação que decidi pela literatura. Como eu lia histórias para as crianças e incentivava a leitura de livros e revistas, fui me aproximando aos poucos da ideia de escrever para elas. Como já era leitora “de berço”… foi apenas aguardar o momento certo!

DDH: Depois de publicar mais de 30 livros infantis, o que considera essencial  em uma boa história?

Flávia: Em mais de três décadas de vida profissional como escritora, eu já publiquei quase 80 livros, entre literatura e paradidáticos. Alguns deles foram premiados e outros, publicados em diferentes idiomas, o que me deixou muito feliz. 

Para mim, o essencial em uma boa história é o narrador estar conectado à criança do autor. Faz uma diferença brutal ter esse link ativado! Boas histórias também divertem, tratam de fantasia ou de realidades que podem ser desconhecidas ao leitor, despertam e alertam o coração. E o mais importante: abrem as portas para novas histórias! Outros livros!

DDH: Como é o seu processo criativo para escrever um livro? Qual é a sua parte preferida?

Flávia: Sempre começo a história pelo título. É como se ele me abrisse várias possibilidades criativas. Deixo a imaginação agir por alguns dias em cima do nome da história. Depois, aguardo o que ela me propõe. Em seguida, vem a pesquisa, essa é minha parte preferida! Como nem sempre escrevo sobre assunto que domino, a pesquisa é uma aliada eficaz a todos os escritores. 

Então, escrevo algumas versões menos elaboradas para depois fazer a leitura final, após um tempinho… que é pra deixar a história “acalmar” dentro da pasta. Sim, pasta! Tenho muitas pastas de histórias para pesquisa em meu armário! Quando volto a ela, estamos ambas descansadas, renovadas, prontas pra releitura e novo trabalho.

DDH: Os livros “Uma História Dorminhoca” e “Em Busca do Unicórnio Perdido” têm um diferencial em relação às suas outras obras, que é a personalização, com a inclusão da criança como protagonista. Como isso influenciou as suas histórias?

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Flávia: Como também sou editora de publicações infantis e juvenis, já tinha tido alguma experiência com aventuras de RPG para jovens na Editora Abril, onde trabalhei por muitos anos. Lá, a aventura e a magia também comandavam o narrador em primeira pessoa, e a estrutura da história era montada para que o herói fizesse opções de ação por meio do leitor. Era muito interessante… 

Dessa vez, pude rever essa estratégia e soltar a imaginação para os leitores menores! Uma alegria!

DDH: Em “Uma História Dorminhoca”, a criança viaja até o mundo invertido, onde vivem os personagens dos contos de fadas. Qual é a importância dos contos de fadas na infância?

Flávia: Importância total! Fui ouvinte atenta e leitora assídua de contos de fada. Sempre narrei ou indiquei livros desse gênero aos meus alunos. Atualmente, troco informações com pesquisadoras do gênero, escritoras amigas e generosas por compartilharem o que estudaram e dominam tão bem, como Susana Ventura. Até escrevi um romance sombrio “O Manto Escarlate”, para jovens adultos, que foi inspirado em um famoso conto dos Grimm! Adivinhem sobre quem estou falando…

DDH: No livro “Em Busca do Unicórnio Perdido”, você brinca com a imaginação das crianças, mostrando o parquinho como um mundo cheio de aventuras. Como as histórias ajudam a estimular a fantasia, e quais benefícios isso traz para os leitores?

Em Busca do Unicórnio Perdido: incentivando a imaginação das crianças

Flávia: Sempre imaginei essa possibilidade fantasiosa ao brincar, quando criança, nos parquinhos do bairro. E, também, ao observar as crianças do infantil brincarem na escola, ou qualquer criança que se sinta livre e solta num local bacana como esse. Guardei isso comigo e agora… virou aventura!

Como as histórias ajudam a estimular a criatividade e a fantasia? Na medida em que iluminam um caminho de descobertas para possibilidades não imaginadas, personagens curiosos, interessantes ou assustadores, vivendo aventuras fantásticas. Desse modo, elas sempre irão possibilitar uma catarse, uma vivência emocional que realimenta essa capacidade de sonhar acordado. É o valor da literatura, da arte e dos artistas! 

Tive muitos alunos que declararam, após adultos, que se tornaram professores, jornalistas, atores e leitores assíduos depois de lerem certas histórias na infância. É assim que a magia acontece, mesmo… Por boa contaminação!

DDH: Que dicas você daria aos adultos que vão ler essas histórias para as crianças?

Flávia: Que se apossem de suas fantasias pessoais e da capacidade de imaginar cada aventura acontecendo, com o “olhar de criança para o mundo”, onde tudo pode ser diverso do que aparenta, ter mais mistérios do que supomos e muitas surpresas por descobrir.

E leiam muitos livros para as crianças, coloridos, bem ilustrados, de muitos e diversos gêneros, quadrinhos, poemas, em revistas, livros, celulares e outras mídias. 

Teatro, cinema, circo, boa música e arte. A alegria desse contato a gente (criança) nunca esquece. É ela que fará toda a diferença no futuro: a sobrevivência da imaginação, da criatividade!


Flávia Muniz é escritora de literatura para crianças e jovens. Formada em Pedagogia com especialização em Orientação Educacional pela PUC de São Paulo, tem obras selecionadas pela FAE e pelo PNBE, foi indicada três vezes ao prêmio Jabuti e recebeu, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, o prêmio de melhor Livro Juvenil. É autora de Rita, não grita!  Os Noturnos e Viajantes do Infinito, entre tantos outros.

Dentro da História:

Ver Comentários (1)

  • O livro da Flávia MANTO ESCARLATE, DEVERIA VIRAR
    UM FILME. ELE É FASCINANTE.
    Todos os livros dela são incríveis.

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