“Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.”
Esses versos são do poema “A Bailarina”, de Cecília Meireles, que é um dos mais conhecidos dentre os poemas infantis. As rimas, que brincam com as notas musicais e contam a história de uma talentosa menina que sonhava em ser bailarina, marcaram a infância de muitos adultos.
Os poemas são uma excelente forma de apresentar a magia das palavras para as crianças. Em cada verso os poetas mostram um universo totalmente novo ao brincar com as rimas e os sons das palavras fazendo metáforas e até mesmo trocadilhos divertidos. A partir das linhas poéticas, que podem conter desde frases com rimas infantis até grandes metáforas, as crianças expandem seu vocabulário, desenvolvem a linguagem e a fala, além de serem estimuladas a exercitar a imaginação.
Poetas que toda criança deveria ler
A poesia é um gênero literário extremamente enriquecedor para as crianças, pois por meio de poemas curtos e frases simples, os pequenos e pequenas começam a se interessar pelas infinitas possibilidades que as palavras podem apresentar. Dessa forma, as chances das crianças que leem poemas se tornarem leitoras independentes na vida adulta é ainda maior.
Grandes autores da literatura infantil também são poetas que os pequenos e pequenas deveriam conhecer. Afinal, eles criaram obras que atravessaram o tempo e marcaram a vida de muitas gerações.
Conheça a seguir poetas para apresentar para as crianças e, logo após, confira 15 poemas para ler em família que selecionamos.
Cecília Meireles
Cecília Meireles é considerada uma das maiores poetas e artistas brasileiras. Em sua carreira, além de se dedicar à pintura, também atuou como jornalista, educadora e escritora, áreas nas quais lutou pela educação e pelos direitos das crianças.
José Paulo Paes
José Paulo Paes foi um renomado poeta, tradutor e crítico literário brasileiro. Em seu livro “Poemas para brincar” ele apresenta em suas poesias diferentes jogos de palavras e utiliza o alfabeto de forma lúdica e divertida para despertar a criatividade das crianças.
Leo Cunha
Leo Cunha é um jornalista, escritor e tradutor brasileiro. Com mais de 60 livros infantis publicados, o mineiro que já escreveu em parceria com o autor Tino Freitas, estimula a imaginação dos pequenos por meio dos recursos lúdicos apresentados em suas obras.
Manuel Bandeira
O renomado poeta, professor e crítico literário Manuel Bandeira foi um dos grandes nomes do modernismo brasileiro. Dentre suas obras existem diversos poemas curtos que podem ser lidos com as crianças.
Mário Quintana
O poeta e jornalista Mário Quintana também escreveu diversas obras para o público infantil dentre elas poemas, além de vencer em 1981 o Prêmio Jabuti como Personalidade Literária do Ano. Parte de seu acervo encontra-se na Casa de Cultura Mario Quintana, localizada em Porto Alegre.
Marina Colasanti
Vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura por oito vezes em diferentes categorias, dentre elas a de Poesia com seu livro de poemas “Passageira em Trânsito”, Marina Colasanti é uma renomada escritora, poeta e jornalista brasileira. Dentre suas obras, mais de vinte livros publicados entre os anos de 1989 e 2019 foram dedicados ao público infantil.
Olavo Bilac
Membro fundador da Academia Brasileira de Letras, Olavo Bilac é considerado o príncipe dos poetas desde 1907. O título veio após a publicação de sua obra “Poesias”. Além de poeta foi ainda jornalista e cronista, tornando-se conhecido por seu cuidado com literatura infantil.
Pedro Bandeira
Com mais de 80 livros publicados, Pedro Bandeira é um renomado escritor infantojuvenil que acumula mais de 23 milhões de exemplares vendidos de suas obras. Em 1986 venceu o Prêmio Jabuti na categoria Literatura Infantil.
Ruth Rocha
Membro da Academia Brasileira de Letras desde 2007, Ruth Rocha é uma renomada escritora brasileira de livros infantis. Foi vencedora do Prêmio Jabuti de Literatura em diferentes categorias.
Tatiana Belinky
Um dos grandes nomes da literatura infantil brasileira, Tatiana Belinky levou suas obras para o teatro e a televisão. Com um jeito irreverente e bem-humorado, ela escreveu, traduziu e adaptou mais de 250 livros infantis.
Vinicius de Moraes
Conhecido como “poetinha”, Vinicius de Moraes também publicou diversas obras voltadas para o público infantil. Para as crianças seus poemas focavam na figura dos animais, sendo alguns deles adaptados para a música em uma parceria do poeta com o músico Toquinho.
15 Poemas para ler em família
Sejam os cheios de frases com rimas infantis ou os que despertam a imaginação, confira a seguir uma lista de poemas curtos para ler com as crianças.
1. A Bailarina – Cecília Meireles
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
Não conhece nem mi nem fá
Mas inclina o corpo para cá e para lá
Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os olhos e sorri.
Roda, roda, roda, com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
2. O Eco – Cecília Meireles
O menino pergunta ao eco
Onde é que ele se esconde.
Mas o eco só responde: Onde? Onde?
O menino também lhe pede:
Eco, vem passear comigo!
Mas não sabe se o eco é amigo
ou inimigo.
Pois só lhe ouve dizer: Migo!
3. A Canção dos tamanquinhos – Cecília Meireles
Troc… troc… troc… troc…
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc… troc… troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Madrugada. Troc… troc…
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, Troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
Chove. Troc… troc… troc…
no silêncio dos caminhos
alagados, troc… troc…
vão cantando os tamanquinhos…
E até mesmo, troc… troc…
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc… troc… troc…
com seu par de tamanquinhos…
4. Convite – José Paulo Paes
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar
se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
Como a água do rio
que é água sempre nova.
Como cada dia
que é sempre um novo dia.
Vamos brincar de poesia?
5. Cadê – José Paulo Paes
Nossa! que escuro!
Cadê a luz?
Dedo apagou.
Cadê o dedo?
Entrou no nariz.
Cadê o nariz?
Dando um espirro.
Cadê o o espirro?
Ficou no lenço.
Cadê o lenço?
Dentro do bolso.
Cadê o bolso?
Foi com a calça.
Cadê a calça?
No guarda-roupa.
Cadê o guarda-roupa?
Fechado a chave.
Cadê a chave?
Homem levou.
Cadê o homem?
Está dormindo
de luz apagada.
Nossa! Que escuro!
6. A Girafa Vidente – Leo Cunha
Com
aquele
pescoço
comprido
espicha
espicha
espicha
a bicha
até parecia
que via
o dia de amanhã
7. Trem de Ferro – Manuel Bandeira
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isto maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Café com pão
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
Oô..
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pato
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
Que vontade
De cantar!
Oô…
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficia
Ôo…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Ôo…
Vou mimbora voou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Ôo…
Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente…
8. Andorinha – Manuel Bandeira
Andorinha lá fora está dizendo:
– “Passei o dia à toa, à toa!”
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa…
9. Poeminha do Contra – Mário Quintana
Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!
10. O Cuco – Marina Colasanti
Mais esperto que maluco
este é o retrato do cuco.
Taí um que não se mata
pra fazer um pé-de-meia
e nem pensa em bater asa
pra construir a casa.
Para ele o bom negócio
é morar em casa alheia,
e do abuso nem se toca.
Os seus ovos, rapidinho,
põe no ninho do vizinho
depois vai curtir um ócio
enquanto a vizinha choca
11. A Boneca – Olavo Bilac
Deixando a bola e a peteca,
Com que inda há pouco brincavam,
Por causa de uma boneca,
Duas meninas brigavam.
Dizia a primeira: “É minha!”
— “É minha!” a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.
Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda a roupa estraçalhada,
E amarrotada a carinha.
Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio,
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio.
E, ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca,
Ambas, por causa da briga,
Ficaram sem a boneca…
12. Pontinho de Vista – Pedro Bandeira
Eu sou pequeno, me dizem,
e eu fico muito zangado.
Tenho de olhar todo mundo
com o queixo levantado.
Mas, se formiga falasse
e me visse lá do chão,
ia dizer, com certeza:
— Minha nossa, que grandão!
13. Baile no Sereno – Ruth Rocha
Cantador canta tristeza,
canta alegria também.
É de sua natureza
cantar o mal e o bem.
Pois ele tem dentro dele
o canto que o canto tem…
Por isso, se o mar secar,
se cobra comprar sapato,
se cachorro virar gato,
se o mudo puder falar,
Se a chuva chover pra cima,
se barata for grã-fina,
Quando o embaixador for em cima,
Cantador vai se calar.
14. Minhocas – Tatiana Belinky
Ao ver uma velha coroca
fritando um filé de minhoca
o Zé Minhocão
falou pro irmão:
“Não achas melhor ir pra toca?”
15. O Pinguim – Vinicius de Moraes
Bom dia, Pinguim
Onde vai assim
Com ar apressado?
Eu não sou malvado
Não fique assustado
Com medo de mim.
Eu só gostaria
De dar um tapinha
No seu chapéu de jaca
Ou bem de levinho
Puxar o rabinho
Da sua casaca.