Ouça o post
|
A linguagem é considerada a primeira forma de socialização da criança. Ela vai muito além da fala: significa saber expressar e receber informações. Ou seja, compreender e ser compreendido, seja através da fala, escrita, leitura, ou comunicação não verbal. Quando uma criança tem dificuldades no desenvolvimento dessas habilidades, isso pode ser tratado pela fonoaudiologia infantil.
O papel do fonoaudiólogo infantil
A dificuldade na aquisição da linguagem na infância pode acontecer por diversos motivos: problemas de audição, neurológicos ou de vista. Também pode ser causada por fatores emocionais e psicológicos. Alguns distúrbios mais comuns são gagueira, troca de letras, problemas de articulação, dislexia e atraso na linguagem.
O papel do fonoaudiólogo que trabalha na área da linguagem é proporcionar o desenvolvimento das habilidades da criança e a sua inclusão social. Ele deve fazer o estudo, a avaliação, o diagnóstico do distúrbio e prosseguir com o tratamento dos transtornos relacionados à comunicação oral e escrita.
Para o tratamento ser efetivo, é preciso que o fonoaudiólogo conheça os métodos e abordagens mais adequados para cada situação e faixa-etária. Toda criança é única, por isso é tão importante que o terapeuta conheça o pequeno paciente a fundo e estabeleça uma conexão com ele para saber de suas reais necessidades.
A importância da criatividade na fonoaudiologia infantil
A fonoaudióloga e pedagoga Renata Ferraz Lucena se dedica à área clínica atendendo crianças com algum tipo de dificuldade na aquisição da linguagem oral, escrita e leitura. Boa parte dos pacientes que frequentam o seu consultório possuem algum diagnóstico de síndrome ou transtorno, como Síndrome de Down, paralisia cerebral, autismo e déficit de atenção. Ela defende que a criatividade para inovar nos métodos usados durante o tratamento é essencial para que ele seja efetivo:
“Há crianças que passam muito tempo em terapia: fazem fisioterapia, terapia ocupacional, psicopedagoga, fonoaudiologia… Elas ficam extremamente cansadas quando os exercícios são feitos de forma mecânica e repetitiva”, diz a fonoaudióloga, que busca sempre utilizar métodos lúdicos para tornar o tratamento mais prazeroso.
“Mesmo com a grande variedade de materiais disponíveis no mercado, é preciso ter criatividade para adaptar as atividades para além daquilo que é proposto inicialmente. De acordo com a faixa-etária e o desafio específico do paciente naquele momento, procuro usar os recursos sempre de formas diferentes”, defende a especialista.
Como já mostramos neste artigo do blog, a diversão faz toda a diferença no aprendizado. A dopamina, o hormônio da felicidade, estimula os centros de memória do cérebro e melhora a capacidade de atenção. Por isso é importante trabalhar de forma lúdica também na fonoaudiologia infantil.
Livros personalizados como recurso no consultório
No começo do ano, Renata conheceu a Dentro da História e criou dois livros personalizados da Turma da Mônica: um para seu filho e um para ela mesma. O seu livro Turma da Mônica: Conhecendo Personagens de A a Z foi criado com o personagem da Tia Renata, como os pacientes a chamam carinhosamente. Assim que recebeu o livro em casa, a fonoaudióloga o levou para seu consultório para usar nas atividades com as crianças.
A fonoaudióloga se surpreendeu com a reação das crianças, que ao verem o livro, já reconheciam na hora que a personagem principal da história era a terapeuta: “Como eles têm um laço afetivo comigo, ficaram imensamente felizes ao me ver no livro. Isso fez com que todos tivessem curiosidade pela história para saber o que eu fazia lá. Fantasiaram que eu era amiga do Mauricio de Sousa e que conhecia a Mônica. Os menores achavam que a história era algo real, mergulhando na fantasia. Vi então que era uma oportunidade de trabalhar a leitura de forma prazerosa.”
Renata conta que desenvolveu atividades a partir do livro: “Para crianças que apresentam trocas de letras na fala, por exemplo, fizemos treinos utilizando o livro do ABC, que tem o som de todas as letras e assim vou trabalhando os fonemas que estão em treinamento. O treino fica menos mecânico porque acontece do contexto da história, e isso torna a terapia mais prazerosa.”
Apesar de o livro ser indicado principalmente para crianças em fase de alfabetização, a terapeuta foi criativa ao desenvolver práticas pedagógicas para pacientes de diferentes idades: “Incentivo a escrita com atividades de redação sobre os personagens, já que o livro mostra muitos que foram criados pelo Mauricio de Sousa. Para os pacientes mais novinhos, pedi para desenharem e inventarem oralmente uma nova história com os personagens que conheceram. Fiz atividades com pacientes de 3 a 14 anos, e todos gostaram bastante”, disse entusiasmada com os resultados.
Personalização e autoestima
Segundo a fonoaudióloga, muitos dos seus pacientes demonstram baixa autoestima, principalmente por vivenciarem dificuldades na escola e às vezes na socialização.
Por causa disso, Renata aproveitou a personalização dos livros para trabalhar a autoimagem com cada um deles: “Levei as crianças até o espelho para verem suas características, pedindo para olharem seu cabelo, seus traços do rosto, se usavam óculos, que tipo de roupa gostavam de usar. Depois, no meu tablet abri o site da Dentro da História e eles foram montando seus próprios personagens, escrevendo o nome e escolhendo suas características. Eles adoraram, por isso mostrei aos pais como os filhos tinham se percebido, para poderem então receber os livros personalizados em casa.”
Redes sociais: troca de experiências e inspiração
Com o objetivo de mostrar as diferentes formas de trabalhar com as crianças e incentivar a inovação nas práticas em fonoaudiologia infantil, Renata criou a página no Instagram @expressarfonoaudiologia: “Meus seguidores são profissionais e estudantes da área, além de mães e pais de crianças que precisam de apoio fonoaudiológico e pedagógico”.
Lá ela divulga vídeos de atividades com pacientes cujos pais autorizam a divulgação da imagem, e acredita que assim incentiva mais profissionais a tornarem o dia a dia na terapia divertido e lúdico, ajudando os pacientes a se desenvolverem de forma mais prazerosa e completa: “Divulgo materiais e mostro como uso no meu trabalho. Às vezes compramos materiais com instruções de uso informando certas finalidades, mas com criatividade podemos inovar para trazer melhores resultados para cada paciente”, e resume: “O mesmo material dá para utilizar com crianças pequenininhas até adolescentes. Para quem é terapeuta, a criatividade é fundamental.”
Primeiramente gratidão pelo excelente conteúdo! Por muito tempo tentei entender melhor a fonoaudiologia. E esse artigo me esclareceu muitas das minha dúvidas. Adorei o blog e ganhou um novo leitor, grande abraço!
Olá Daniel!
Que ótimo saber que o post te ajudou a entender melhor a fonoaudiologia 🙂
Ficamos muito felizes por isso!
Um abraço da nossa equipe
boa tarde!! faço parte de um grupo de pessoas que ajuda uma instituição sem fins lucrativos na cidade de ferraz de vasconcelos, voltada para pessoas autistas. Será que alguma profissional tem interesse em prestar seus serviços na casa…. podemos pagar contribuição a combinar.]
Se houver interesse por favor me contatem 11 992171997 Norma
Olá Norma, tudo bem?
Obrigada por entrar em contato com a gente! Parabéns pelo trabalho de vocês.
Uma dica: entre em contato com os nossos parceiros da Revista Autismo, na página do Facebook: https://www.facebook.com/RevistaAutismo/
Eles têm contato com profissionais que lidam com autismo no país todo e talvez possam te ajudar com isso.
Um abraço!