Uma pesquisa realizada em 2017 pelas pesquisadoras Bian Lin e Sarah-Jane Leslie junto com o professor Andrei Cimpian, e publicada pela revista Science, apontou que 30% das meninas entre 6 e 7 anos se sentem menos inteligentes que os meninos. Essa constatação demonstra a importância e necessidade do empoderamento das garotas na infância.
O estudo, que foi feito com 400 crianças, pediu que os pequenos apontassem se o protagonista da história contada pelos pesquisadores sobre uma pessoa “muito, muito inteligente” era um homem ou uma mulher. Em um segundo momento, após observarem pares de adultos com homens e mulheres em cada dupla, as crianças deveriam adivinhar qual dos dois era “realmente esperto”. As últimas tarefas dos pequenos era atribuir objetos e qualidades às figuras de homens e mulheres, além de escolher com quais jogos se identificavam mais: se com as brincadeiras para crianças “muito, muito inteligentes” ou com os jogos para crianças “muito, muito esforçadas”.
O resultado surpreendeu os estudiosos, pois mostrou que até os 5 anos de idade, tanto os meninos quanto as meninas enxergavam inteligência e brilhantismo em seu próprio gênero.
A partir dos 6 e 7 anos, as garotas participantes da pesquisa passaram a associar comportamentos, objetos e qualidades que consideravam inteligentes aos homens, além de darem maior preferência aos jogos para crianças “muito, muito esforçadas”. Como resposta aos mesmos estímulos, os garotos entre 6 e 7 anos deixaram de atribuir inteligência às mulheres, dando preferência aos homens, e se identificaram mais com os jogos para crianças “muito, muito inteligentes”.
Empoderamento das garotas na infância: uma missão coletiva
As conclusões apresentadas pelo estudo foi de que as crianças começam a internalizar os estereótipos de gênero muito mais cedo do que a maioria dos adultos espera, e que essa atitude por parte dos pequenos acaba interferindo diretamente em seus interesses.
Por não se sentirem boas ou inteligentes o suficiente, muitas garotas acabam evitando se interessar por áreas como a ciência, matemática ou física. Esse comportamento, com início tão precoce como mostra a pesquisa, se reflete no que vemos hoje: com a ausência de mulheres na área científica, em cargos de liderança ou posições de prestígio, além da desigualdade salarial entre homens e mulheres.
Para mudar esse cenário, tanto as famílias quanto os educadores precisam se unir para colocar em prática ações que promovam o empoderamento das garotas na infância, estimulando o protagonismo feminino desde cedo. Ao investir nisso de forma coletiva, todos estarão contribuindo para um futuro com mais igualdade e presença feminina em diferentes espaços.
7 Dicas para incentivar o empoderamento das garotas desde cedo
1) Cuidado com o seu vocabulário
Na infância as crianças aprendem e internalizam comportamentos a partir das atitudes dos adultos com quem convivem. Por essa razão, é muito importante que as famílias estejam atentas ao seu comportamento e ao vocabulário que utilizam com as meninas e na frente delas.
Um ótimo exercício para os adultos é refletir antes de dizer algo na frente das garotas. Perguntas como “isso vai encorajar e fortalecer a auto-estima dela?” ou “eu usaria essas palavras se estivesse falando com um menino?”, são excelentes maneiras de começar a contribuir de forma consciente para o empoderamento das garotas.
2) Invista na educação afetiva
O conceito da educação afetiva, desenvolvido pelo especialista Henri Wallon, busca unir pensamentos e sentimentos no processo de aprendizagem. Para as meninas isso é extremamente importante, pois fortalece o processo de desenvolvimento da auto-estima das pequenas de forma saudável.
Para investir na educação afetiva, basta a família trazer para o cotidiano com as pequenas frases como: “você é corajosa!”, “você pode ser tudo o que quiser”, “você é inteligente”, “nós temos orgulho de você”, “nós respeitamos você”, “nós estamos aqui para te apoiar”, dentre outras frases que fogem dos elogios ligados à aparência física. Dessa forma, as garotas terão uma visão mais ampla de suas capacidades, além de serem estimuladas em seu processo de desenvolvimento.
3) Diversifique os conteúdos das histórias
O protagonismo infantil é importante para o desenvolvimento das crianças, especialmente para as meninas. Ao ver protagonistas femininas nas histórias, as garotas se sentem representadas.
Dessa forma, investir na diversificação dos conteúdos das histórias infantis, mostrando livros em que as garotas são heroínas capazes de salvar o dia ou de fazer incríveis descobertas, traz diversos benefícios para a imaginação e para o senso de pertencimento das pequenas.
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4) Estimule novas brincadeiras
Para empoderar as garotas na infância é importante mostrar a elas formas diversas de brincar e se divertir. Além de contribuir para a expansão do repertório das pequenas, essa prática também contribui para a desconstrução dos estereótipos de brincadeiras “de menina” e “de menino”.
Que tal apresentar para as meninas carrinhos de brinquedo, atividades criativas, brincadeiras que envolvam números, experiências científicas, novos desenhos ou até mesmo esportes? O contato com essas brincadeiras é fundamental para que as garotas se sintam livres para escolher as atividades que mais se identificam quando o assunto é diversão.
5) Apresente referências femininas
A representatividade importa e muito para incentivar o empoderamento das garotas. Afinal, é através das conquistas de outras mulheres que as pequenas se inspiram e se sentem motivadas a lutar por seus sonhos.
Seja uma personagem de desenho ou de brinquedo com características físicas parecidas, mulheres atuando em diversas profissões, praticando esportes ou desempenhando atividades: todo exemplo é importante para que as pequenas possam construir um imaginário repleto de referências com outras mulheres, que assim como elas, são capazes de conquistar o que quiserem.
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6) Respeite as preferências
Na infância é natural que as meninas apresentem preferências por determinados temas, brincadeiras ou atividades. Durante esse processo de construção de interesses é de extrema relevância que a família respeite as escolhas das pequenas, especialmente no caso das preferências por assuntos que não costumam receber tanto estímulo da sociedade para as meninas.
Ao sentir o respeito e a empatia por parte dos pais e cuidadores, as pequenas se sentirão seguras não apenas para fazer suas próprias escolhas, mas também para compartilhar suas ideias, pensamentos e opiniões.
7) Pratique a escuta ativa
As meninas da Geração Alpha convivem com diversos estímulos em sua rotina, além das atividades regulares como ir à escola e brincar com os amiguinhos. Cada uma dessas interações com o mundo e as pessoas proporcionam experiências diferentes e marcantes em maior ou menor nível.
Por essa razão, a prática da escuta ativa por parte da família é uma excelente aliada do empoderamento das garotas na infância. Ao dedicar tempo para ouvir e ajudar as pequenas com suas vivências, a família demonstra interesse, cuidado e atenção. Tais características são essenciais para a auto-estima das garotas, pois faz com que elas se sintam vistas, percebidas e valorizadas.
Ver Comentários (2)
Excelente conteúdo. Publicação indicada aos pais dos meus aluno com certeza!
Oie, Elianete! Tudo bem?
Que alegria saber que você gostou do conteúdo e o indicou aos pais de seus alunos! :D