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Apelidos como “quatro olhos”, “rolha de poço”, “narigudo”, “palito”, “tampinha” e tantos outros infelizmente já foram ouvidos repetidamente por diversas crianças e adolescentes.
A repetição desses apelidos por parte de um grupo a determinada criança é apenas um exemplo daquilo que chamamos de bullying. Sua prática gera exclusão e afasta os pequenos e pequenas de atividades e brincadeiras essenciais para o desenvolvimento de qualquer criança.
O termo bullying foi utilizado pela primeira vez em 1970 após um estudo realizado pelo psicólogo e professor Dan Olweus. Em sua pesquisa o especialista conversou com diversos jovens que haviam tentado tirar a própria vida e constatou que a maioria deles havia se sentido intimidado com os apelidos recebidos e até mesmo sofrido ameaças.
O que é bullying?
A expressão criada por Dan Olweus vem da palavra inglesa “bully” e quer dizer ‘valentão’ ou ‘brigão’. Dessa forma, o bullying é caracterizado como os gestos praticados repetidamente por uma ou mais crianças, que agridem verbal ou fisicamente um grupo ou uma criança na frente de outros colegas.
Na infância, o bullying acontece principalmente na escola e, segundo dados de 2015, 20% dos alunos das instituições brasileiras já praticaram bullying contra os colegas. A pesquisa mostrou ainda que a prática é maior entre os meninos do que entre as meninas. Entre os garotos, os xingamentos e até mesmo agressões físicas acontecem abertamente, enquanto as garotas costumam praticar o bullying de forma velada, por meio de cochichos e fofocas.
Além desses fatores, o bullying pode se manifestar de diferentes maneiras. Confira abaixo quais são elas:
Bullying verbal
São os apelidos criados a partir das características físicas da criança e usados para ofendê-la diante da classe. Os mais comuns são “gorducho”, “dentuço”, “orelhudo”, “magrelo”, “quatro olhos” e “narigudo”.
O bullying verbal também pode acontecer com as crianças deficientes, que são ofendidas pela deficiência que possuem.
Bullying físico
São as agressões físicas como empurrões, chutes, puxões de cabelo e tapas. Geralmente acontecem em situações que a vítima não consegue reagir.
Bullying psicológico
O bullying psicológico é demonstrado por meio de ameaças, chantagens e discriminações. É comum as vítimas cederem a esse tipo de bullying na esperança de que as importunações cheguem ao fim.
Bullying material
É o ato de rasgar, esconder ou danificar objetos da vítima. Em sala de aula, essa prática ocorre principalmente quando a criança que sofre bullying não está presente.
Cyberbullying
O cyberbullying são as agressões verbais e as ameaças que acontecem na internet. Com a tecnologia cada vez mais presente no cotidiano da geração Alpha, esse tipo de bullying é mais comum entre os pré-adolescentes que possuem perfis nas redes sociais.
Quais as consequências do bullying?
O bullying atrapalha o desenvolvimento infantil, pois faz com que a criança perca a vontade de frequentar a escola e se sinta insegura em relação a sua aparência. Com isso, os pequenos ficam desmotivados a participar das aulas e acabam perdendo atividades e brincadeiras, o que afeta diretamente o processo de aprendizagem.
Além disso, ao sofrer com as intimidações e ofensas dos colegas de classe, a saúde mental da criança também é prejudicada, podendo ocasionar ansiedade e depressão em alguns casos.
Como combater a ansiedade nas crianças?
O bullying distorce a forma como os pequenos e pequenas enxergam a si e aos outros. Por essa razão, crianças que sofrem bullying na infância têm mais dificuldade de enxergar seu valor, desenvolver o senso de pertencimento e alcançar felicidade plena na vida adulta.
Caso não recebam acompanhamento psicológico, amparo da família e da escola, as crianças que praticam bullying também serão prejudicadas no futuro. Isso acontece pois a ausência de valores como respeito, empatia e compaixão vão se revelar na dificuldade de convívio social na vida adulta.
Como saber se uma criança está sofrendo bullying?
Para combater o bullying é importante que a escola e a família trabalhem juntas, identificando as vítimas e os praticantes das intimidações.
Abaixo listamos os principais comportamentos apresentados tanto pelas crianças que sofrem bullying quanto por aquelas que o praticam. Confira!
Sinais das crianças que sofrem bullying
- Queda no rendimento escolar;
- Desinteresse pela escola;
- Choro ou tristeza ao mencionarem o ambiente escolar;
- Mudanças de comportamento;
- Problemas na comunicação oral;
- Timidez em excesso;
- Mudanças no sono e na alimentação.
Sinais das crianças que praticam bullying
- Dificuldade em lidar com opiniões diferentes;
- Raiva excessiva ao serem contrariadas;
- Na escola, demonstram afinidade e interesses em comum com poucos grupos;
- Evitam contato com crianças que estejam fora de seu círculo social;
- Lideram episódios de gozações e piadas em sala de aula;
- Demonstram autoconfiança em excesso;
- Apresentam perfil provocador e instável.
O que fazer quando seu filho sofre bullying?
De acordo com a Lei nº 13.185 de 2015, os episódios de bullying devem ser combatidos por meio da conscientização do tema e do acolhimento às crianças vítimas e praticantes da intimidação sistemática.
Por essa razão, é de extrema importância que tanto a família quanto a escola acolham a criança que sofre bullying, ouvindo o que ela tem a dizer. A postura dos pais deve demonstrar que o lar é um ambiente seguro para a criança compartilhar seus sentimentos em relação às intimidações sofridas e se fortalecer para lidar com essa situação.
A escola, por sua vez, também deve se posicionar em relação ao bullying, buscando identificar os agressores, além de convidá-los a participar de ações de conscientização e debate sobre o bullying.
Além do debate em relação às intimidações sistemáticas, a família e a escola devem ainda estimular o desenvolvimento das habilidades socioemocionais nas crianças. A compreensão de suas emoções e sentimentos ajuda os pequenos e pequenas no processo de autoconhecimento e proporciona um convívio social mais saudável.
O que fazer quando seu filho pratica bullying?
Aos pais e educadores das crianças que praticam bullying: o acolhimento e diálogo com esses pequenos e pequenas é essencial para a mudança de atitude.
Tratar a criança que sofre bullying como vítima, não faz do praticante alguém menos merecedor de direcionamento psicológico e acolhimento. Tanto um quanto o outro precisam de ajuda para passar pelo bullying desenvolvendo valores como empatia, respeito e resiliência. Além de descobrirem que juntos são mais fortes para construir um ambiente que valoriza e respeita as diferenças.
Para que o resultado do combate ao bullying seja eficaz em todos os cenários, é necessário que a família e a escolha atuem juntas.
Combatendo o bullying com a leitura
Seja em casa ou em sala de aula, a leitura é a chave que abre as portas de diversos mundos, mostrando aos pequenos e pequenas novas possibilidades de pensar e de agir.
No livro personalizado “A Encomenda do Príncipe Valentão”, desenvolvido pela Dentro da História, a criança se torna protagonista e aprende de forma lúdica a importância do respeito às diferenças.
De maneira interativa, o livro conta a história de uma criança que tem a difícil missão de entregar uma caixa secreta para o príncipe mais mal-educado e valentão da região. Rodeada de bons amigos que despertam muita coragem, a criança consegue fazer o Valentão perceber como é importante o respeito ao próximo para ser feliz e ter pessoas incríveis por perto.
Chamando a atenção para a importância do respeito e inclusão de todas as crianças, especialmente aquelas que possuem alguma deformidade, a Dentro da História desenvolveu um avatar com fissura lábio palatina, uma má formação congênita presente em algumas crianças.
Ficou com vontade de conhecer a história e ajudar no combate ao bullying? Clique aqui para personalizar o avatar do seu pequeno ou pequena.