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Veja dicas de especialista e descubra como ensinar Educação Financeira para as crianças de diferentes idades.
Uma pesquisa recente do Ibope revelou que apenas 21% dos brasileiros tiveram Educação Financeira até os 12 anos de idade. Por muitas gerações, esse tema passou longe das escolas e das conversas familiares.
Esse cenário está começando a mudar, principalmente com a inclusão da Educação Financeira como tema transversal na BNCC, o documento que orienta as escolas e determina as competências que os alunos devem desenvolver.
É claro que as famílias também têm um papel essencial. Neste artigo, a pedagoga e especialista no tema, Cláudia Onofre, ajudará as famílias com dicas para estimular a Educação Financeira das crianças em casa.
Confira a seguir:
A importância da educação financeira para as crianças
A Educação Financeira deve ser inserida na rotina das crianças desde pequenas, pois quanto mais cedo aprenderem, mais impacto positivo isso terá quando se tornarem jovens e adultas.
Ao ter contato com a Educação Financeira, a criança passa a ter um pensamento crítico em relação ao dinheiro, analisando os gastos, passa a ter consciência da importância do poupar e sobre como essas atitudes irão colaborar para que alcance seus sonhos e objetivos. Isso colabora diretamente com o desenvolvimento infantil, promovendo bem-estar, autonomia e capacidade de organização.
Para as crianças, é fundamental fazer paralelos mostrando que a Educação Financeira está além da relação com o dinheiro. É importante trazer exemplos reais como economizar água, energia, não desperdiçar alimentos e reciclar do lixo. Apresentar situações reais para que as crianças possam refletir sobre como nossa relação com o dinheiro está relacionada com o consumo consciente e a sustentabilidade.
Outro fator importante em ensinar a Educação Financeira é incentivar o empreendedorismo, colaborando diretamente com o futuro da criança, contribuindo com o desenvolvimento da ética, da responsabilidade, da liderança e da autoestima.
Responsabilidade da família e da escola
A primeira vivência da criança é familiar e sabemos que elas aprendem através do exemplo. As crianças são como “esponjas” e estão atentas ao mundo que as rodeia. Se crescerem em uma estrutura na qual a família não se preocupa ou pensa apenas no hoje com relação ao dinheiro, a criança vai achar que é normal e a probabilidade de crescer no mesmo ciclo é imensa.
Quando chega o momento de ir para a escola, vem uma nova etapa de aprendizado e a escola também passa a ter um papel importante neste processo. Ensinando a criança e também envolvendo os familiares para que possam caminhar juntos, e só assim o aprendizado será efetivo.
Como estimular a Educação Financeira das crianças?
Agora que já falamos sobre a importância da Educação Financeira para as crianças e as responsabilidades compartilhadas entre família e escola nessa missão, vamos às dicas práticas de como fazer isso em casa com os filhos.
Comece a falar sobre Educação Financeira com seus filhos
Para iniciar essa discussão tão importante em casa, uma dica é sempre trazer este assunto vinculado a realizações de sonhos ou objetivos. Peça para a criança falar de um sonho e depois, em família, pensem em um sonho coletivo.
Mostre que para alcançar estes sonhos é preciso dinheiro, e para isso toda a família precisa participar efetivamente do planejamento e das mudanças na rotina para começar a economizar: façam a lista de compras do supermercado, reaproveitem o material escolar, decidam quais alimentos podem ser feitos em casa, como uma pizza, por exemplo. Além de mais econômicos, esses novos hábitos podem ser muito divertidos!
É importante ilustrar para a criança que a educação financeira irá permitir alcançar seus sonhos, isso irá motivar e ajudará a manter a disciplina e o foco.
Conscientize as crianças sobre o consumo imediato
É preciso mostrar para as crianças que o dinheiro precisa estar a nosso favor, e que ser educado financeiramente não significa deixar de viver. Antes de comprar e gastar, ensine as crianças a sempre pensarem em três perguntas:
- Eu preciso?
- Eu tenho dinheiro?
- Precisa ser agora?
Cada uma dessas perguntas leva a uma reflexão. “Eu preciso?” evita comprar por impulso e na vida adulta ajuda não cair na tentação das promoções. “Eu tenho o dinheiro?” ajuda a entender a importância de ter o dinheiro guardado e na vida adulta irá colaborar para não entrar em financiamentos e crediários desnecessários. “Precisa ser agora?” mostra que quando podemos esperar alguns dias, muitas vezes não sentimos falta da compra e então percebemos que não era necessária.
Se as respostas forem sim, podemos seguir em frente com o gasto e desfrutar da conquista sem culpa! Esse hábito ajuda não apenas crianças, como também jovens e adultos a não caírem na armadilha do consumo imediato. Quando isso acontece, logo depois vem a culpa por ter comprado algo desnecessário. Assim, seus filhos aprenderão desde cedo a não serem acumuladores e sim comprar de forma saudável e prazerosa.
Crianças de 3 a 5 anos: conhecimento lúdico
Embora as crianças desta faixa-etária ainda não dominem a matemática, já são capazes de entender que o dinheiro (notas e moedas) representa uma quantia que permite fazer compras.
Nessa idade, o aprendizado lúdico é muito importante e deve ser utilizado para a explicação dos primeiros conceitos de educação financeira. Por isso a importância de estimular a guardar dinheiro no cofrinho. Outra estratégia é criar brincadeiras e joguinhos que envolvam a situação de comprar. Você pode criar uma moeda imaginária (papéis coloridos, varetas ou mesmo pedrinhas de diferentes tamanhos) para que a criança trabalhe a relação entre recursos e consumo.
Em resumo, o ideal, nessa faixa etária, é que por meio de ações lúdicas a criança seja estimulada a absorver as primeiras noções sobre consumir e poupar.
Crianças de 6 a 10 anos: criatividade no dia a dia
Nessa faixa-etária a criança já tem uma bagagem maior de conhecimentos matemáticos, sabendo, inclusive, fazer contas mais simples. Além disso, é uma idade em que a imaginação e a energia estão a todo vapor.
Por isso, o ideal é manter a estratégia do cofrinho, para que a criança siga o conceito de poupança, e introduzir algumas ações criativas para conquistar o próprio dinheiro. Uma boa solução é propor algumas tarefas extras — diferentes daquelas que já fazem parte da obrigação diária, como arrumar a cama, ajudar na limpeza da cozinha etc. — para que ela possa ser “remunerada”.
Explore de forma criativa e motive a criança a fazer algo que gere um ganho que venha de outra fonte. Gosta de pintura? Que tal desenhar e pintar um quadro para leiloar no almoço da família? Toca algum instrumento? Podemos propor um mini-show para amigos e família. Gosta de cozinhar? Que tal fazer uma torta e vender para os vizinhos?
Essas podem ser estratégias importantes para que o pequeno aprenda sobre a importância do dinheiro e as formas de conquistá-lo. Essa noção contribui para a valorização dos recursos financeiros, bem como para as noções de consumo consciente versus desperdício, e a importância de guardar para conquistar aquilo que se deseja.
Crianças acima de 11 anos: diálogo, aprimoramento e exemplos
Chegamos na pré-adolescência. O diálogo nessa faixa etária é mais desafiador, por isso uma excelente maneira de fazer o seu filho se interessar e aprender sobre educação financeira é pelo exemplo. Se a criança foi inserida desde cedo em hábitos saudáveis, o processo nesta fase será mais tranquilo.
De nada adianta dizer à criança que ela precisa valorizar o dinheiro e ter um comportamento consciente no consumo, se em casa os familiares não praticam a mesma regra no dia a dia. Durante essa fase, em que as crianças começam a questionar mais e mais o que lhes é ensinado, aprender pelo exemplo é o melhor método.
A partir desta faixa-etária é importante o estímulo a poupar o dinheiro, por exemplo, investindo em uma previdência e pensando nos benefícios futuros. Assim, quando no aniversário ou em outras datas comemorativas a criança ganhar dinheiro de tios, avós, padrinhos, já saberá o que deve gastar e o que deve investir.
Também é hora de mostrar como escolher entre duas opções e lidar com a escassez de recursos. Se chegou um momento em que o dinheiro acabou, é preciso ponderar e pensar onde aconteceu o “deslize” e não aportar dinheiro antes do período combinado.
Dica extra: atividades de Educação Financeira para fazer em casa!
O dinheiro faz parte do cotidiano, e vimos que aprender a lidar com ele de forma saudável desde cedo é muito importante para o futuro das crianças. Por isso, a Dentro da História e a Dobra prepararam juntas um material que ajuda as famílias a trabalhar o tema dentro de casa de forma divertida!
Baixe grátis a “Minha Primeira Carteira”, um kit completo para praticar a Educação Financeira, com moldes para a criança criar sua própria carteira, dinheiro de brincadeira e dicas de atividades para cada faixa-etária.
Cláudia Onofre é mãe da Laís e da Letícia, pedagoga e especialista em Educação Financeira. Também é responsável pelos projetos da Dentro da História de incentivo à leitura nas escolas.
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Oie, Adriana! Tudo bem?
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