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Todos nós queremos que nossos filhos cresçam e se tornem pessoas atenciosas, respeitosas e conscientes, que contribuam para fazer o mundo melhor. Para isso, precisamos saber criá-los de forma que acreditem e defendam a igualdade entre meninos e meninas, homens e mulheres.
A ciência nos mostra que o desenvolvimento das crianças acontece em grande parte por meio da observação e da imitação. Ou seja, nossas ações no dia a dia com as crianças moldam suas atitudes, tendo grande impacto na forma como elas vêem o mundo e a si próprias. Então, o que é possível fazer para criar os filhos para a igualdade, acreditando que todos temos os mesmos direitos e defendendo o respeito acima de tudo?
Veja abaixo algumas dicas e cuidados para tomar no dia a dia com as crianças, para não reproduzir preconceitos e ensinar que tanto meninos quanto meninas podem ser tudo aquilo que sonharem!
1. Cuidado com “de menina” ou “de menino”
Desde muito antes de um filho nascer, já começamos a fazer diversas decisões em relação a ele dependendo do sexo informado pelo médico. A cor das paredes do quarto, a decoração, as roupinhas, o nome da criança… Essas escolhas são feitas quase inconscientemente porque são consequência da educação que tivemos e da sociedade em que vivemos, que continuamente nos fala o que é de menino, e o que é de menina. Mas que tal começar a questionar algumas dessas “regras”? Afinal, muitas delas podem inclusive prejudicar a felicidade e o bem estar das crianças.
Por exemplo, evite separar brincadeiras e brinquedos “de menina” ou de “menino”. Um menino pode brincar de casinha, afinal, um dia também terá que cuidar da sua própria casa! E qual o problema se uma menina gostar de carrinhos? Ela pode crescer e ser tornar uma grande engenheira mecânica!
O mesmo vale para cores, roupas, cortes de cabelo, e até mesmo desenhos que assiste. Sem essa divisão, tanto meninas como meninos têm muito mais oportunidades de descobrir o mundo à sua volta, os seus verdadeiros gostos e até talentos.
2. Fortaleça a autoestima da criança
Valorizar as características da criança e os seus sucessos é importante independente do seu gênero. Porém, é comum cairmos na armadilha de elogiar meninas e meninos de forma muito diferente. Sempre repetimos para as meninas “como você é linda!”, e para os meninos “como você está forte!” ou “como você é corajoso!”, por exemplo. Tudo bem ressaltar essas características, mas também queremos que as meninas vejam como elas são muito mais do que sua aparência, não é mesmo? E que os meninos saibam que também têm muitas outras qualidades.
Por isso, reforce outros valores no dia a dia. Mostre também como a criança é inteligente, esperta, carinhosa, bondosa, boa amiga, engraçada… Elogios assim aumentam a confiança e incentivam o desenvolvimento dos pequenos.
3. Responsabilidades e oportunidades iguais
Se você está criando irmãos meninos e meninas, não faça distinções entre as responsabilidades de cada um, tampouco no que eles podem ou não podem fazer, só pelo motivo de ser menina ou menino.
Antigamente apenas as meninas eram educadas para ajudar nos afazeres de casa, mas isso ficou no século passado! Meninos também devem aprender desde cedo a ter as mesmas responsabilidades e a fazer tarefas domésticas apropriadas para a sua idade.
Também preste atenção para não proibir ou desincentivar algo só pelo fato de a criança ser menino ou menina. Por exemplo dormir na casa de amigos, praticar um esporte, e até sair sozinho quando estiver mais velho. Questione-se sempre: se irmão pode, por que a irmã não? Ou vice-versa.
4. Diferenças sim, desigualdade não
Cada criança, assim como cada um de nós, é única e especial. Mesmo entre irmãos, é normal que um filho seja muito diferente do outro. Isso independe do gênero, e por isso não queremos colocar essa característica como definidora de qualquer oportunidade ou tratamento na infância.
Todos somos diferentes e a ideia de igualdade não se contrapõe a isso. Na verdade, a nossa missão na criação dos pequenos é fazer com que diferenças, sejam quais forem, não dêem origem a desigualdades.
Por isso, além de não tratar com diferença meninas e meninos, também valorize as características especiais de cada criança. Evite fazer comparações entre elas, e incentive a convivência com base no respeito: mostre que ela tem o dever de respeitar e o direito de ser respeitada sempre.
5. Amigos, não namoradinhos
Basta que a criança saia das fraldas e comece a frequentar a escola para que os adultos comecem a perguntar: “Quem é o seu namoradinho?”, “Que linda a sua namoradinha!”. Cuidado com esse costume, porque apesar de muito comum, começa logo cedo a criar estereótipos e incentiva as crianças a associarem seu valor e sua auto-estima a relacionamentos amorosos. E claro, criança não namora!
Ao invés disso, incentive a amizade entre meninos e meninas. Não há motivos para dividi-los, principalmente quando paramos de separar as brincadeiras de acordo com o gênero da criança. É com a convivência que se constrói o respeito e aprendemos a valorizar um ao outro.
6. Fale sobre corpo e consentimento
É possível falar com as crianças sobre o respeito ao seu corpo desde pequenas. Converse explicando o corpo da criança é apenas dela e não deve ser tocado por ninguém, e que se alguém tocar seu corpo sem permissão é para contar para você (ou outro adulto de confiança).
Da mesma forma, ensine para meninos e meninas que nunca devem tocar o corpo de alguém sem permissão. Ensine a sempre perguntar “Posso pegar sua mão?” e “Posso te abraçar?” e, se a resposta for não, nunca insistir.
Mais uma dica: o livro Pipo e Fifi é um livro infantil que ajuda as famílias a ensinarem sobre consentimento e evitarem a violência sexual na infância.
7. Ofereça conteúdos com diversidade
Desenhos e filmes de menino ou de menina? Isso também ficou para trás! Não há criança que não se encante com um lindo conto de fadas ou que ame uma grande aventura, seja na telinha ou nos livros infantis. Por isso, preste atenção para não ser influenciado por estereótipos que limitem o tipo de conteúdo que oferece aos seus pequenos.
É super importante que meninos vejam meninas protagonistas em séries, filmes e livros, e que as próprias meninas também possam se identificar com personagens corajosas e inteligentes. Essa representatividade incentiva o protagonismo das crianças e faz com que acreditem que podem ser tudo aquilo que sonharem!
Veja também: 7 Livros sobre racismo para ler com as crianças
Plantando sementinhas da igualdade
A construção de um mundo com igualdade e respeito para meninos e meninas acontece todos os dias, na forma como educamos as crianças e principalmente nos exemplos que transmitimos e elas.
Nossa última dica é: sempre que ficar na dúvida se está sendo justo e agindo de forma igualitária com as crianças, pergunte-se: “eu faria a mesma coisa se a criança não fosse menino/menina?” Se a resposta for não, tente entender o motivo da sua atitude ou opinião depender dessa característica. Esse exercício é essencial para nós, adultos, também revermos nossas atitudes e agirmos sempre a favor da igualdade.