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A autora Camila Comitre explica como os novos livros personalizados incentivam aprendizados da infância como formas, cores, letras e números.
A leitura é uma forma de estimular o desenvolvimento das crianças desde muito cedo – estudos mostram que é importante ler para o bebê antes mesmo de ele nascer!
Com o objetivo de promover aprendizados na primeira infância, a Dentro da História lançou 4 novos livros personalizados que estimulam os pequenos leitores a entrarem em contato com conceitos básicos presentes em seu dia a dia: as cores, as formas geométricas, os números e as primeiras letras. Neles, as crianças se divertem enquanto aprendem com o universo criado pela autora Camila Comitre, especialista em desenvolvimento socioemocional infantil.
No livro Bairro das Cores, a criança aprenderá as primeiras cores ao explorar o fantástico bairro onde elas moram. Em Rua das Vogais, conhecerá as primeiras letras durante o passeio pela curiosa rua onde elas moram. Em Mundo dos Números, o leitor será estimulado a contar até 5 enquanto interage os personagens que representam cada número. E por fim, em Cidade das Formas, poderá visitar as curiosas casas do quadrado, do triângulo e do círculo.
Veja a seguir a entrevista com a autora, que conta mais sobre a importância desses aprendizados da infância e a forma como os livros podem ajudar as crianças nessa fase:
Dentro da História: Os livros personalizados que você escreveu são sobre alguns dos primeiros aprendizados: cores, formas, números e vogais. Qual é a importância desses temas para o desenvolvimento das crianças?
Camila Comitre: Estes temas estão ligados diretamente aos aprendizados que nos dão base para o desenvolvimento cognitivo, para nossas primeiras lições sobre cálculos e proporções, linguagem, texturas e senso estético. Na primeira infância chamamos de campos de experiências as vivências que as crianças precisam ter para um desenvolvimento integral e estes primeiros conceitos favorecem o repertório para o contato com este campos, que inclusive fazem parte da nova Base Nacional Comum Curricular.
A utilização da literatura de maneira lúdico-didática também é fundamental para sensibilizar e estimular os pequenos através do eixo simbólico, que está ligado à fantasia e abstrações. Este universo traz inúmeros recursos que auxiliam na educação, desenvolvimento e comportamento das crianças.
DDH: Como foi a experiência de escrever essa coleção para a Dentro da História? Quais cuidados são necessários ao criar uma história personalizada?
Camila: A criação da coleção com a Dentro da História foi leve, dinâmica e especial. Assim que a Ju Gaspari apresentou a proposta começamos a sonhar mil idéias, dando voz às nossas crianças interiores no primeiro processo de fazer algo que gostaríamos de ter lido quando crianças. Passamos para a fase de pesquisas em referências de literatura infantil nacionais e internacionais quanto ao senso estético e linguagem, para que a coleção tivesse algo muito inovador e lúdico que encantando e ensinando os pequenos.
Pensar em livros onde o protagonista é o próprio leitor é um delicioso desafio quando colocamos características essenciais neste personagem que são inerentes em todas as crianças como a curiosidade, vontade de explorar, viver aventuras e se divertir. Trazer o protagonista para este universo onde ele faz parte da história e da construção do aprendizado é o que tem de mais incrível na Coleção Primeiras Lições.
DDH: Cada história se passa em um mundo diferente, que reforça o contato da criança com o tema. Como surgiu a ideia de cada mundo?
Camila: Queríamos uma coleção onde cada título tivesse sua independência de roteiro porém com conexões de contexto com os demais temas, como ritmo e linguagens similares, valorizando os diferentes objetos de aprendizagem. A peculiaridade se dá no contato e experiência do protagonista com os personagens que favorecem uma assimilação natural dos conceitos.
No Bairro das Cores não queríamos o óbvio do sol amarelo e o céu azul, então optamos pelos personagens e ambientes serem da mesma cor, mostrando diferenças e importância de cada uma das Cores numa mensagem de base sobre respeito às diferenças.
Na Cidade das Formas foi uma diversão criar brincadeiras onde os personagens vivenciam situações onde não se encaixam ou quando o protagonista tem a experiência de exploração dos movimentos e uso do espaço daquela forma geométrica, facilitando a construção deste saber.
Nas Rua das Vogais buscamos a experiência dos sons de cada vogal em contextos diferentes, auxiliando na diferenciação de uma letra para a outra. No Mundo dos Números o ritmo do texto estimula e envolve o protagonista num sistema de representação de quantidades e possibilidade de aprendizado para contar objetos, comparar quantidades de grupos, além de cálculos mentais em figuras subliminares nas ilustrações.
Toda a coleção faz com que o primeiro contato com o universo das cores, formas, números e vogais seja uma experiência de alegria e aventura.
DDH: Como os personagens “secundários” criados colaboram com os aprendizados da infância?
Camila: Os personagens que interagem com o protagonista são os próprios objetos de aprendizagem: as cores, as formas, os números e as vogais. Os vínculos criados nas histórias favorecem muito um primeiro contato de diversão, curiosidade e prazer com estes temas, abrindo caminho para a memória emocional positiva quanto a estes saberes, o que impacta na aprendizagem escolar de maneira muito significativa.
Além dos personagens serem espertos e divertidos, eles fazem trapalhadas que os humanizam, desafiando também o protagonista à ações que auxiliem o próximo, trabalhando duas competências socioemocionais fundamentais: a amabilidade e o engajamento com os outros. Colocamos a criança em um novo ambiente, com personagens fora do contexto real e em situações inusitadas, o que faz com que a leitura da história seja muito mais do que um aprendizado, mas uma vivência que auxilia para outra competência fundamental para a vida, chamada abertura para o novo.
DDH: Você pode contar um pouco sobre como a ilustração complementa o texto, e vice versa?
Camila: Nosso planejamento de roteiro, ritmo de texto, escolha de personagens e de ilustração visou múltiplos estímulos nos campos visuais, de experiência corporal e de sons. As ilustrações favorecem a concretização dos conceitos além de encantarem pela diversidade de cores e estilos, complementam de maneira mágica a narrativa, que tem um ritmo lúdico com repetições estratégicas que proporcionam diversão, encantamento e novas surpresas na releitura dos livros. A riqueza de detalhes faz com que cada um dos títulos sejam únicos e especiais.
Veja também: Como escolher o melhor livro para crianças de cada idade
DDH: A maternidade impactou de alguma maneira a construção da coleção?
Camila: A maternidade foi fundamental para que eu tivesse real contato com as impressões da infância com as primeiras lições.
Tudo que sonhei e realizei na escrita de cada um dos temas só foi possível pela imersão no universo infantil, pelas inúmeras horas em que não só contei, mas em que ouvi histórias da imaginação dos meus filhos, Mariana (9 anos) e Murilo (7 anos). O improvável, o humor, os passos e dificuldades de aprendizagem e a linguagem deles transformaram-se em um repertório sem igual pra eu construir o didático-lúdico necessário para esta coleção, com um toque de comportamento, sentimentos e emoções variadas de crianças da vida real.
DDH: Quais dicas você dá para que todos aproveitem essa leitura da melhor forma possível?
Camila: Nunca foi tão fundamental a conexão dos pais com o universo de aprendizagem dos pequenos. Especialmente na primeira infância todos os estímulos possíveis nos campos de experiências representam resultados muito significativos para o futuro dos pequenos. A experiência da leitura em família reforça os vínculos que também impactam diretamente o processo de desenvolvimento dessas crianças de maneira integral.
O grande valor da coleção é que ela não tem uma ordem específica de leitura, o que foi uma preocupação nossa no ato da criação. Além disso, a criança pode iniciar a leitura de maneira independente fazendo sua própria interpretação da história somente pelas passagens e transformações das ilustrações, observando a capa, personagens e desenrolar das cenas, reconhecendo-se no contexto. Num segundo momento o mediador de leitura entra em cena facilitando o envolvimento com o livro, auxiliando com entonações que dão mais vida às histórias e personagens.
A cada releitura o repertório da criança amplia-se e ela se torna capaz de fazer conexões entre este universo lúdico e simbólico, com variadas questões da vida real. É neste momento que se dá o início de construção do conhecimento, de maneira natural e tranquila. Contamos ainda com um texto rico que tem termos, linguagem e sequências que promovem novas interpretações conforme a criança cresce e volta para aquela história.
Camila Comitre é mãe da Mari e do Mumu, Escritora, Palestrante, Editora de Livros Infantis, Especialista em Educação Socioemocional. Certificando-se em “Leaders of Learning” e “Family Engagement in Education” pela Harvard University. Co-founder da PLUG.lab Ferramentas de Educação Socioemocional.